Diretor: Edélcio Vigna.
Elenco: Ana Carolina, Fernando Pessoa, Fernando Sousa e Mary Abrão.

Grupo de Teatro Scrachados

O Grupo Teatro Scrachados (GPS) trabalha o método de atuar focado na pessoa. Herda o despojamento de Grotowski, o distanciamento crítico de Brecht, a violência simbólica de Artaud e não descarta o naturalismo de Stanislavski. Teatro liquidificador. Bem vindo ao nosso mundo.















quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O INEVITÁVEL


Eu ia andando
pela calçada
com a sombra da minha sombra
na solidão paralela que me contorna.

Do outro lado da rua
- a outra margem -
o inevitável chegou
como ele sempre aparece - inevitável.

Sentamos os dois,
o inevitável e eu,
mão na mão, olho no olho,
nos reconhecendo - já somos velhos amigos.

foto: WEB

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

As confissões do Rei


Na peça a três momentos de reflexão do Rei e do Bufão. O Rei faz duas declarações, quase poéticas, aos espectadores diante de uma moldura de espelho vazada. A última é feita pelo Bufão.

Primeira fala:
"REI
(O REI RODA A MOLDURA DO ESPELHO ATÉ FICAR FRENTE À PLATÉIA. DECLAMA. O BUFÃO REPRESENTA AS FALAS) Eu tenho em mim um imperador e um vassalo. O imperador é cavalheiro e cordial. O vassalo é obediente e comportado. Gosta de se mostrar submisso e mantém a cabeça pendida. (AO BOBO DA CORTE) Acho que você deve andar de quatro".

Nesta fala parece evidente a dupla personalidade do Rei. Seria esta a chave de compreensão da peça? Será que ele está se dirigindo a si próprio as falas da peça? Ou inicia um jogo perverso com o Bufão?

Segunda fala:
"REI
(O REI RODA A MOLDURA DO ESPELHO ATÉ FICAR FRENTE À PLATÉIA. O BUFÃO SE POSTA DO OUTRO LADO DA MOLDURA) Hoje eu sou você. Eu estou aqui, atrás deste espelho, que me retrata por inteiro. O delírio de estar aqui e aí, me desperta um louco desejo de sair. De gritar. De romper as cadeias que me prendem. Mas, eu não vou encenar esse ato. Estou muito cansado! Prefiro dormir. Mas, antes quero me drogar. Enquanto deliro, outro ser, mesquinho, faz amor por mim. O amor não é um jogo político. O amor é a entrega pura e simples, como um suborno".

Novamente o Rei aprece deixar claro que ele e o Bufão são a mesma personagem. Ou pensa ser? Quem é o ser mesquinho que faz amor por ele? O Bufão? Então, seria este personagem a parte podre do Rei? A parte que é recusada e não reconhecida pela parte aceita. Qual na verdade é a parte boa ou má? Nunca se sabe. Recusaria o Rei esta parte porque a outra se vê traída pelo Bufão? Que papel jogaria a Rainha nesta traição?

Terceira fala:
"BUFÃO
- (O REI RODA A MOLDURA DO ESPELHO E FICA FRENTE À PLATÉIA. O BUFÃO SE POSTA ATRÁS DO REI E DECLAMA) Assim ele ia. Admirando-se. E frente a todos, sorria. (O REI SORRI, CADA VEZ COM MAIOR FEROCIDADE). Agora estou sorrindo. Dente por dente. Refletido no espelho vejo um sorriso canino. Um animal predador não faria melhor. Espero devorar todos. Ente por ente. Não ofereço uma ceia, promovo uma sessão de engorda. Espreito os dedos dos meus convidados. Sorrio! Dente por dente".

Nesta cena o Bufão manipula as falas do Rei. O texto é de uma violência animal. Aliás, é esta animalidade que conduz o texto. Talvez, por isso o autor colocou-o na boca do Bufão. Isso pode ser uma indicação da índole do Bufão. Se isso for considerado como verdade, pode-se supor que a parte do Rei é de boa índole. Isso se entendermos que Rei e Bufão é uma única personagem, de fato, o Bufão é a parte má. Mas, isso não é uma hipótese do Rei?

Tudo suposições. Falas de confessionário.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Passeio urbano

Largado no sofá observo a luz ir se modificando. Ruídos urbanos acompanham as sombras que avançam. Um carro passa acelerado. Insistente falta de educação no transito. Bocejo.

Porra! Tomei um copo de caipirinha sem notar”. Fico pensando em fazer outro, mas numa lerdeza atroz me toma. “Preguiça é pecado mortal? Jesus bebia vinho porque não conhecia caipirinha”. Espremo outro limão, vagarosamente.

http://edelciovigna.zip.net/