Diretor: Edélcio Vigna.
Elenco: Ana Carolina, Fernando Pessoa, Fernando Sousa e Mary Abrão.

Grupo de Teatro Scrachados

O Grupo Teatro Scrachados (GPS) trabalha o método de atuar focado na pessoa. Herda o despojamento de Grotowski, o distanciamento crítico de Brecht, a violência simbólica de Artaud e não descarta o naturalismo de Stanislavski. Teatro liquidificador. Bem vindo ao nosso mundo.















terça-feira, 14 de junho de 2011

A peça “A Casa Tomada de Cortázar e Ionesco”


O Grupo de Teatro “Scrachados” vai discutir a possibilidade apresentar na temporada de 2012 uma adaptação para o teatro do conto A Casa Tomada, de Júlio Cortázar associando-o à cena VII da peça Cantora Careca, de Jean Ionesco. O texto ainda será analisado pelo grupo e, em breve, poderemos trazer novas informações.

“A Casa Tomada de Cortázar e Ionesco” é uma história de Irene e seu irmão que vivem na mesma casa a mais de quatro gerações. São descendentes da aristocracia rural e nada fazem além dela tricotar e ele ler jornais e literatura francesa. Vivem de aposentadoria e da renda da fazenda.

Certo dia a casa começa a ser tomada. O autor, Júlio Cortázar não diz nem sugere quem está se apropriando da casa. A peça, assim como o conto, já se inicia com uma parte da casa tomada. Aos poucos os invasores vão tomando outros cômodos. Neste processo os irmãos recebem uma visita dos Smiths, um casal, personagens de Ionesco, para um jantar. Esta visita é importante, pois a entrada de novos personagens possibilita aos espectadores perceber que se trata de uma tomada simbólica.

O casal, Sr.ª e Sr. Smiths, trazem à peça a futilidade das elites dominantes ou dos emergentes. O diálogo não tem um significado a não ser o constante tagarelar. Deslumbrar com o que há de normal ou reconhecer como anormal aquilo que é cotidiano. Retratam, se formos interpretar Ionesco, que a normalidade ou a humanidade é um produto raro em um mundo onde o valores estão em constante transformação.

Estas transformações estão batendo à porta da casa dos irmãos. Ocupando os cômodos, expulsando os moradores de um tempo em que eles já não têm significados e não se reconhecem como significantes. Estão entre o mundo do crochê da bisavó e a coleção de selos dos pais.

Os personagens vão enfrentando a restrição espacial como um túnel do tempo. À medida que os irmãos vão sendo expulsos ou a casa vai sendo tomada, eles vão, igualmente, regredindo materialmente até se tornarem meros farrapos. Caricaturas de classes sociais que foram superadas pelo tempo.

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