Diretor: Edélcio Vigna.
Elenco: Ana Carolina, Fernando Pessoa, Fernando Sousa e Mary Abrão.

Grupo de Teatro Scrachados

O Grupo Teatro Scrachados (GPS) trabalha o método de atuar focado na pessoa. Herda o despojamento de Grotowski, o distanciamento crítico de Brecht, a violência simbólica de Artaud e não descarta o naturalismo de Stanislavski. Teatro liquidificador. Bem vindo ao nosso mundo.















domingo, 20 de setembro de 2009

Cultura, para que?


As diversas formas culturais, pelas quais os povos se expressam, objetivam mobilizar e promover o diálogo entre a comunidade local e entre a comunidade e os sujeitos estão fora de suas fronteiras. Esta função da cultura é que lhe atribui o humano significado.
O ser humano se comunica utilizando a cultura herdada. Canta, dança, atua, reza, pinta, enfim, cria e materializa formas de pensamentos a partir dos mais variados elementos da natureza. Dessa forma, promove consciente ou inconsciente a integração da comunidade e desta com o universo.
A comunidade latino-americana, mesmo subjugada e moldada pelas culturas lusitana e espanhola, possui pontos comuns de interação facilitados tanto pela proximidade de suas populações, como pela construção colonial histórica de seus países. Nas décadas recentes a experiência traumática das ditaduras militares aproximou os povos que se identificaram na perseguição e no sofrimento.
A cultura, como expressão material e imaterial, eleva a auto-estima dos povos, coletiva e individualmente. Permite a disputa sadia entre os povos. Promove o reconhecimento do individuo e da nação como partes de um mesmo território. Extingue as fronteiras físicas pela espiritualidade que é a essência da cultura. Amplia o respeito e dissolve o nacionalismo reacionário.
O Estado, regido pelo princípio democrático de participação social, está superando a fase do mecenato. Está reconhecendo suas responsabilidades diante da produção cultural de seu povo. Este, por sua vez, começa a ver o Estado como parceiro e os recursos públicos como patrimônio comum que deve ser investido para o bem-estar da população.
A cultura é um direito humano. A Constituição, de certa forma, já reconhece este direito ao atribuir diversas responsabilidades ao Estado. Desde a incumbência de elaborar um Plano Nacional de Cultura até diversas formas de financiamentos. Em outras passagens a Constituição assegura “o respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais”, a garantia do “pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e o apoio e incentivo a valorização e a difusão das manifestações culturais”, a democratização do “acesso aos bens de cultura” e a proteção “das manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional”.
A cultura não é privilégio nem propriedade de um único povo ou indivíduo. Só assim ela pode ser um elemento formador de cidadania com função libertária. Um dos princípios pelos quais o Brasil se pauta é o da integração cultural dos povos da América Latina. Assim, o que a ALACP se propõe é, por meio de um Anteprojeto de Normas, estimular a integração regional. A Articulação quer levar adiante a sua proposta em conjunto com outras forças sociais. Convoca, portanto, os diversos setores culturais a apoiarem a proposta que será apresentada no Parlasul.

Edélcio Vigna, assessor do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos)

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