Diretor: Edélcio Vigna.
Elenco: Ana Carolina, Fernando Pessoa, Fernando Sousa e Mary Abrão.

Grupo de Teatro Scrachados

O Grupo Teatro Scrachados (GPS) trabalha o método de atuar focado na pessoa. Herda o despojamento de Grotowski, o distanciamento crítico de Brecht, a violência simbólica de Artaud e não descarta o naturalismo de Stanislavski. Teatro liquidificador. Bem vindo ao nosso mundo.















domingo, 20 de setembro de 2009

O Mangue – breve análise


A esquete conta a história de uma comunidade da Baixada do Mangue que é contaminada por mercúrio por meio das descargas de esgoto das grandes indústrias. “O Mangue” é uma visão crítica da realidade brasileira no que tange a saúde, a segurança, a política e as práticas de corrupção comuns na administração pública. O esquete mostra personagens e cenas de um Brasil contemporâneo.
Este esquete se situa entre o melodrama e a tragédia. A ação nos reporta a situação realista, pois não há desafios românticos a vencer, mas situações sociais a superar. Não há transcendência de nenhum personagem. A morte da criança não resulta em maior conscientização ou mobilização da comunidade. Esse sofrer silencioso caracterizando o que se pode chamar de drama social.
As duas personagens, Cida e Selma, representam as classes vulnerabilizadas. São personagens sociais invisíveis, que compõe a maioria da população moradora de áreas de favela. Por outro lado, estas personagens encarnam o espírito de solidariedade tão constatado entre as classes menos abastadas. A Cida é uma representação da mãe pobre e analfabeta. Cuida da casa, do filho e assiste TV, o único aparelho eletrônico da casa. É a que sofre diretamente a falta das políticas públicas, as dificuldades da pobreza.
A Selma, a vizinha, representa o elo de humanidade que costura as diversas desigualdades que existe entre os moradores. É a pouca voz dos que não tem voz. É uma explosão momentânea, não processual.
O Fiscal da Prefeitura personifica a prática da ineficiência governamental. A advogada das empresas poluidoras do mangue representa o exercício da ciência do direito em detrimento dos direitos das classes mais vulnerabilizadas. A advogada é uma personagem ambígua. Tem que defender as empresas e sobreviver por meio das catástrofes ambientais.
O personagem do repórter é o fio condutor do esquete. A máscara que usa é um símbolo de distanciamento social Ele representa a falsa visão de neutralidade das empresas de comunicação que dão aos expectadores uma falsa sensação de participação.
A cena do enterro do filho da Cida é um grito silencioso das populações invisíveis. O esquete mostra estas personagens. Os espectadores vêem no palco o que cotidianamente vêem nos meios de comunicação. A diferença é que no teatro os atores mostram quando os personagens são corruptos e hipócritas e como eles o fazem.
O grupo acredita que esta é a função do teatro: mostrar o que se passa na alma dos personagens em suas diversas relações sociais.

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