Diretor: Edélcio Vigna.
Elenco: Ana Carolina, Fernando Pessoa, Fernando Sousa e Mary Abrão.

Grupo de Teatro Scrachados

O Grupo Teatro Scrachados (GPS) trabalha o método de atuar focado na pessoa. Herda o despojamento de Grotowski, o distanciamento crítico de Brecht, a violência simbólica de Artaud e não descarta o naturalismo de Stanislavski. Teatro liquidificador. Bem vindo ao nosso mundo.















terça-feira, 29 de dezembro de 2009

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Quincas Borba, do luxo ao lixo


Quincas Borba mora no lixão. É um catador de papel afortunado, pois tem um carrinho de coleta, que utiliza pelas ruas. Pega livros do lixo e os lê para um cachorro de pelúcia, chamado Quincas Borba, que é seu amuleto.
É considerado entre os catadores um filósofo. Prega a filosofia Humanitas, que ele herdou de outro catador de papel. Tem um terno que guarda com cuidado. De vez em quando o coloca e sai sem o carrinho. Há muitas lendas sobre o que ele vai fazer todo bem arrumado.
Quincas não tem família e um dos únicos amigos de Quincas é Rubião, a quem Quincas ensina a filosofia Humanitas. Quincas sofre de uma doença pulmonar que se agrava e morre deixando toda a sua herança para Rubião. O carrinho de coleta, os livros, um terno e o cachorro de pelúcia, que se chama Quincas Borba.
Rubião recebe a herança e, um dia, experimentando o terno descobre em um dos bolsos um número de conta corrente e a senha de um banco. Veste o terno, vai até lá e descobre que tem algumas economias guardadas.
Entre os catadores há um casal, Palha e Sofia, que se aproximam de Rubião com intuito de tirar proveito. Sofia ajuda Rubião arrumar seu barraco. Palha apresenta-o a outros catadores de papel, malandros, pinguços e outros tipos de aproveitadores. Esses personagens aproveitam a comida e pedem seguidos empréstimos. Entre estes há um rapaz, Carlos Maria que Rubião tomará como amante de Sofia. Palha, também, começa a emprestar dinheiro de Rubião.
Rubião começa a freqüentar o barraco de Palha e vai se apaixonando por Sofia, que sabe das dívidas do marido com Rubião. Rubião estimulado por Sofia e levado pela paixão começa a dar-lhe de presente jóias caras. Palha passa a utilizar o carrinho de coleta de Rubião. Em certa noite Rubião se declara a Sofia, que se faz de desentendida. Nada conta ao marido, mas Rubião deixa de ir à casa de Palha.
Rubião começa a ler os livros que herdou de Quincas, em especial o que conta a vida de Napoleão. Aos poucos começa a delirar e pensa em ser Napoleão ou Luis Napoleão. Palha interna-o em uma clínica, junto com o cachorro Quincas Borba.
Rubião escapa da Clínica, com Quincas, e volta para o lixão.
Entra em delírio e fica vagando com o cachorro até que é reconhecido por uma catadora de papel que o recolhe em seu barraco.
Rubião não resiste à febre e morre.
Não morreu súbdito nem vencido. Antes de principiar a agonia, que foi curta, pôs a coroa na cabeça, - uma coroa que não era um chapéu velho ou uma bacia. Não, senhor; ele pegou em nada, levantou nada e cingiu nada; só ele via a insígnia imperial, pesada de ouro, rútila de brilhantes e outras pedras preciosas. O esforço que fizera para erguer meio corpo não durou muito; o corpo caiu outra vez; o rosto conservou porventura uma expressão gloriosa. Murmurou: “Ao vencedor...”
A cara ficou séria, porque a morte é séria; dois minutos de agonia e estava assinada a abdicação.
Final: Queria dizer aqui o fim do Quincas Borba, o cachorro de pelúcia de certa forma também morreu. Amanheceu morto em uma lata de lixo. Mas, vendo a morte do cão narrada em cena especial, é provável que pergunte se ele, se o seu defunto homônimo é que dá o título ao livro. E por que antes um que outro? Questão cheia de questões, que nos levariam longe...
“Vamos! chora os dois recentes mortos, se tens lágrimas. Se só tens riso ri-te! É a mesma coisa. O Cruzeiro, que a linda Sofia não quis fitar como lhe pedia Rubião, está muito alto para não discernir os risos e as lágrimas dos homens.
(FIM)

Adaptação da obra de Machado de Assis by Edelcio Vigna

Vejam uma curta montagem criativa e circense da obra:
http://www.youtube.com/watch?v=Yp8VQ58RZK8&feature=related

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Vamos ao Teatro?


Mudanças Climáticas em 5 Rounds
Teatro Cena Contemporânea (204 Norte): R$ 10,00 e R$ 5,00
Dias 21 (sábado) e 22 (domingo) de Novembro

Horário: 21:00

A saga de uma família que por gerações sofre os impactos das mudanças climáticas e políticas. Enfrenta enchente, poluição, desequilíbrio mental, políticos corruptos. Experimenta a solidariedade, o companheirismo, o sonho e deságua em um tempo futuro onde os recursos naturais foram exauridos. A cada round a família se degrada. O homem desumanizado rosna monossílabos.
Esta saga é um grito de alerta e de esperança.

Elenco: Ana Carolina, Cleber Felix, Fernando Cavalcante, Fernando Pessoa, Mary Abrão, Maria Helena Braga e Tauanna Oliveira.
Direção: Edélcio Vigna

5 Round: O último Sabiá

Esquete da peça Mudanças Climáticas em 5 Rounds, apresentado durante o Encontro Nacional de Pescadores e Pescadoras Artesanais, em Brasília, em setembro de 2009.

2 Round: Cara-de-Pau

Esquete da peça Mudanças Climáticas em 5 Rounds, apresentado durante o Encontro Nacional de Pescadores e Pescadoras Artesanais, em Brasília, em setembro de 2009.

4 Round: Família tarja-preta

Esquete da peça Mudanças Climáticas em 5 Rounds apresentado durante o Encontro Nacional de Pescadores e Pescadoras Artesanais, em Brasília, em setembro de 2009.

1 Round: O Mangue

Esquete da peça Mudanças Climáticas em 5 Rounds, apresentado no Encontro Nacional de Pescadores e Pescadoras Artesanais, em Brasília, setembro de 2009.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

CONVITE PARA IR AO TEATRO

Mudanças Climáticas em 5 Rounds
Teatro Cena Contemporânea (204 Norte): R$ 10,00 e R$ 5,00
Dias 21 (sábado) e 22 (domingo) de Novembro

Horário: 21:00

A saga de uma família que por gerações sofre os impactos das mudanças climáticas e políticas. Enfrenta enchente, poluição, desequilíbrio mental, políticos corruptos. Experimenta a solidariedade, o companheirismo, o sonho e deságua em um tempo futuro onde os recursos naturais foram exauridos. A cada round a família se degrada. O homem desumanizado rosna monossílabos.

Esta saga é um grito de alerta e de esperança.

Elenco: Ana Carolina, Cleber Felix, Fernando Cavalcante, Fernando Pessoa, Mary Abrão, Maria Helena Braga e Tauanna Oliveira.
Direção: Edélcio Vigna

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O ùltimo Sabiá

Esquete "O último Sabiá" apresentado durante o Acampamento pela Reforma Agrária, promovido pela Via Campesina, em Brasíia, em 13 de agosto de 2009.


domingo, 4 de outubro de 2009

"O último Sabiá"- esquete do espetáculo "Mudanças Climáticas em 5 Rounds", apresentado durante o Festival Internacional Cena Contemporânea, realizado em Brasília - setembro de 2009.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Mudanças Climáticas em 5 Rounds

Veja as fotos ds esquetes 4 e 5 Ronds, apresentados durante o Assentamento Nacional pela Reforma Agrária, promovido pela Via Campesina, e Brasília, no da 13 de agosto de 2009.

Mudanças limáticas em 5 Rounds

Vejam as fotos dos esquetes do 1,2 e 3 Round apresentado durante o Acampamento Nacional pela Reforma Agrária, promovido pela Via Campesina, em Brasíia, em 23/08/2009.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Lila passou pelo Oficina


Chegava cedo. Entrava sempre com o pé direito no Teatro Oficina. Havia somente um camarim. Dividiam todos, mulheres e homens. Trabalhavam em uma companhia de teatro. Contratados por seis meses. Tempo que dura uma temporada.
Em cartaz um texto de valor duvidoso de um escritor baiano baseado na vida de Luz del Fuego. Um texto com muito baseado, muita transgeneralidades e pouco senso de realidade. Trilha sonora repleta de bolerões dos anos cinquenta.
A personagem principal era interpretada por uma conhecida atriz da Globo, que fez muito sucesso nos anos sessenta. Hoje, nove em dez pessoas não se lembram dela. Dez entre dez menores de quarenta anos nunca ouviram falar. Destas atrizes que passam como um carnaval.
O resto era figuração. Escada.
O lugar mais interessante era o porão. Lá estavam esparramados muitos livros como que jogados por ocasião de uma mudança rápida. Havia livros assinados pelo Boal. Levou um para casa.
Ficava no porão até alguém lhe chamar para o ensaio. Evocava os espíritos rebeldes do Oficina. Das peças de resistência dos anos de chumbo. Ouvia as vozes ecoando nas paredes.
Sentada em um tijolo ficava tomada de encanto. Porão mágico! Repleto de fantasmas. Silêncio ruidoso na cabeça juvenil. “Oh, Lila! O diretor tá chamando prô ensaio”. Sacudia-se e subia como quem sobe o santo. Desacraliza-se. Ia atender a um pedido laico. Senil.
Entrava no camarim com o pé direito. Sorriso bobo na face. Sorriso carregado de mistérios que nunca revelaria. Todos se maquiando. Colocando figurinos. Personagens ridículos, sem alma, sem propósito. Resíduos de um tempo de criatividade explosiva.
Maquiava-se de costas para o espelho. Passava a base com as mãos. Detestava a sombra bem posta. Preferia o rimel escorrendo pelo olho. A cara borrada sem rubor. Compunha seu personagem. Dama de cabaré. Decadente.
Refletida nos tijolos nus da parede ouvia conselhos das vozes armazenadas. Ia cumprir um ritual onde explodiria sentimentos contraditórios. Queimaria palavra por palavra. Pavio curto em barril de pólvora.
Ao terminar a sessão, receberia elogios e voltaria ao camarim. Na frente do espelho, vagarosamente, refaria a maquiagem. Desfazendo a personagem. Despindo o figurino lindamente mal acabo. Voltando aquela personalidade pequena que rouba livros do porão e se encanta por paredes que sussurram.
Entrava no restaurante dos artistas vestida de princesa. “Como representou bem”, diziam. Sorria. Representava agora. No Oficina tinha queimado a mais profunda verdade. Desnudava-se de todas as travas e, simplesmente, deixado vir à tona dos sentimentos daquela prostituta da cara borrada e voz rouca.

domingo, 20 de setembro de 2009

A Cachoeira

Esquete apresentada no Assentamento Nacional pela Reforma Agrária, promovido pela Via Campesina, em Brasília, em 13/08/2009.

Cultura, para que?


As diversas formas culturais, pelas quais os povos se expressam, objetivam mobilizar e promover o diálogo entre a comunidade local e entre a comunidade e os sujeitos estão fora de suas fronteiras. Esta função da cultura é que lhe atribui o humano significado.
O ser humano se comunica utilizando a cultura herdada. Canta, dança, atua, reza, pinta, enfim, cria e materializa formas de pensamentos a partir dos mais variados elementos da natureza. Dessa forma, promove consciente ou inconsciente a integração da comunidade e desta com o universo.
A comunidade latino-americana, mesmo subjugada e moldada pelas culturas lusitana e espanhola, possui pontos comuns de interação facilitados tanto pela proximidade de suas populações, como pela construção colonial histórica de seus países. Nas décadas recentes a experiência traumática das ditaduras militares aproximou os povos que se identificaram na perseguição e no sofrimento.
A cultura, como expressão material e imaterial, eleva a auto-estima dos povos, coletiva e individualmente. Permite a disputa sadia entre os povos. Promove o reconhecimento do individuo e da nação como partes de um mesmo território. Extingue as fronteiras físicas pela espiritualidade que é a essência da cultura. Amplia o respeito e dissolve o nacionalismo reacionário.
O Estado, regido pelo princípio democrático de participação social, está superando a fase do mecenato. Está reconhecendo suas responsabilidades diante da produção cultural de seu povo. Este, por sua vez, começa a ver o Estado como parceiro e os recursos públicos como patrimônio comum que deve ser investido para o bem-estar da população.
A cultura é um direito humano. A Constituição, de certa forma, já reconhece este direito ao atribuir diversas responsabilidades ao Estado. Desde a incumbência de elaborar um Plano Nacional de Cultura até diversas formas de financiamentos. Em outras passagens a Constituição assegura “o respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais”, a garantia do “pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e o apoio e incentivo a valorização e a difusão das manifestações culturais”, a democratização do “acesso aos bens de cultura” e a proteção “das manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional”.
A cultura não é privilégio nem propriedade de um único povo ou indivíduo. Só assim ela pode ser um elemento formador de cidadania com função libertária. Um dos princípios pelos quais o Brasil se pauta é o da integração cultural dos povos da América Latina. Assim, o que a ALACP se propõe é, por meio de um Anteprojeto de Normas, estimular a integração regional. A Articulação quer levar adiante a sua proposta em conjunto com outras forças sociais. Convoca, portanto, os diversos setores culturais a apoiarem a proposta que será apresentada no Parlasul.

Edélcio Vigna, assessor do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos)

O Mangue – breve análise


A esquete conta a história de uma comunidade da Baixada do Mangue que é contaminada por mercúrio por meio das descargas de esgoto das grandes indústrias. “O Mangue” é uma visão crítica da realidade brasileira no que tange a saúde, a segurança, a política e as práticas de corrupção comuns na administração pública. O esquete mostra personagens e cenas de um Brasil contemporâneo.
Este esquete se situa entre o melodrama e a tragédia. A ação nos reporta a situação realista, pois não há desafios românticos a vencer, mas situações sociais a superar. Não há transcendência de nenhum personagem. A morte da criança não resulta em maior conscientização ou mobilização da comunidade. Esse sofrer silencioso caracterizando o que se pode chamar de drama social.
As duas personagens, Cida e Selma, representam as classes vulnerabilizadas. São personagens sociais invisíveis, que compõe a maioria da população moradora de áreas de favela. Por outro lado, estas personagens encarnam o espírito de solidariedade tão constatado entre as classes menos abastadas. A Cida é uma representação da mãe pobre e analfabeta. Cuida da casa, do filho e assiste TV, o único aparelho eletrônico da casa. É a que sofre diretamente a falta das políticas públicas, as dificuldades da pobreza.
A Selma, a vizinha, representa o elo de humanidade que costura as diversas desigualdades que existe entre os moradores. É a pouca voz dos que não tem voz. É uma explosão momentânea, não processual.
O Fiscal da Prefeitura personifica a prática da ineficiência governamental. A advogada das empresas poluidoras do mangue representa o exercício da ciência do direito em detrimento dos direitos das classes mais vulnerabilizadas. A advogada é uma personagem ambígua. Tem que defender as empresas e sobreviver por meio das catástrofes ambientais.
O personagem do repórter é o fio condutor do esquete. A máscara que usa é um símbolo de distanciamento social Ele representa a falsa visão de neutralidade das empresas de comunicação que dão aos expectadores uma falsa sensação de participação.
A cena do enterro do filho da Cida é um grito silencioso das populações invisíveis. O esquete mostra estas personagens. Os espectadores vêem no palco o que cotidianamente vêem nos meios de comunicação. A diferença é que no teatro os atores mostram quando os personagens são corruptos e hipócritas e como eles o fazem.
O grupo acredita que esta é a função do teatro: mostrar o que se passa na alma dos personagens em suas diversas relações sociais.

O último Sabiá: análise


Este esquete dentre os diversos gêneros teatrais é uma tragédia. A tragédia não se caracteriza pela morte, mas pela superação do destino do personagem trágico. O sacrifício é uma afirmação de vida. Entre os padrões clássicos de ação trágica, este se situa no de destruição e possibilidade de renovação.
A relação entre os personagens, em especial entre o pai e a filha, é culturalmente bruta. Estão no limite da perda da fala. Expressam-se por sons guturais. Provavelmente em um futuro próximo não mais falarão. Perderão definitivamente a capacidade da fala.
O personagem do pai não tem nenhuma herança moral e ética que possa deixar para a filha. Nele não há amanhã. A filha ao não herdar nenhuma esperança se move por um aprendizado niilista. O aprendizado da morte e do roubo de vidas e coisas suplantará qualquer possibilidade de regeneração. Ela deverá seguir o pai até o fim, em uma linha descendente de geração em geração.
O personagem da Sabiá não é louca, nem demente. Ao contrário, é a personagem-esperança. É um personagem utópico, pois trás em si a possibilidade de mudança. Ela acredita no amanhã. Por isso, escreve e acredita que um dia alguém poderá ler o que escreveu. E esse leitor poderá ser alterado pelas palavras escritas a carvão.
Alguns objetos simbólicos do personagem Sabiá: (1) o caderno ao qual se apega como uma fonte de vida. Será o caderno uma espécie de passaporte para os limites que o personagem supera a cada dia no contexto árido e de morte em que vive? Por isso, vale mais que a água e o ouro. (2) O gravador de fita é outro símbolo forte. É uma peça herdada de um pai que a ensinou a ler e escrever. É a voz gravada que faz a última comunicação e encerra o ciclo dos esquetes. A voz paira sobre um corpo caído e morto como uma mensagem perdida no espaço. Tudo morre, menos a possibilidade.
Há um quarto personagem que aparece no início do esquete. É um ser híbrido. É um elo perdido entre o que a humanidade foi e o que era. Não é um demente, nem um macaco, nem um homem-macaco. É um ser que não herdou referências da cultura humana. Ele, como os bichos, luta pelos elementos básicos da vida, mas o instinto de sobrevivência supera os demais.
O esquete tem quatro personagens, mas apenas três poderiam pactuar por um novo mundo. O significado singular de cada um não permite a construção de um futuro novo. A filha, que não tem outra referencia, segue o pai. A Sabiá representa a utopia, a possibilidade do melhor quando tudo se degenera.
Nas condições retratadas pelo esquete não há espaço de diálogo entre o velho e o novo. Por isso, o personagem pai tem de matar a personagem Sabiá. Ela é sua antítese, mas que não se resolverá em uma síntese. Não há espaço em cena para os dois.
No final, após a morte da personagem Sabiá, a filha volta e “rouba” o caderno e, sem perceber, coloca em funcionamento o velho gravador, mas não ouve a mensagem gravada. O “erro trágico” do roubo é o que caracteriza a esquete como uma tragédia, pois abre a possibilidade de renovação.