
Não posso deixar de fazer alguns comentarios sobre as peças do Teatro Oficina, as Dioniosíacas (quatro peças: Taniko; Cacilda!; Bacantes e Banquete), que estiveram em Brasília, nos dias 27 a 30 de maio.
A proposta do Zé Celso é fazer um Teatro de Estádio, em resumo: uma estrutura que comportava 1.500 pessoas e onde a participação do público é fundamental. Somado a esta dimensão e desejo, as peças pretendem ser uma celebração missa negra-macumba-canaval-orgiástico. Enfim, uma salada paticipativa onde todo mundo poderia se tornar um ser atropofágico na maior normalidade possivel.
A duração das peças - com exceção da Taniko - tinham em média cinco horas. Começava tipo 19h00 e terminava por volta das 2h00 da manhã. Vi muita gente saindo do espetáculo tanto pela hora, como pelo escandalo que provocavam em espíritos menos avisados.
Gostei da Taniko, que se baseava em uma lenda japonesa, muito pareceida com a da peça "Aquele que diz sim e aquele que diz não", de Brecht. Conta a história de um jovem que sai da sua aldeia para vir ao Brasil. No meio do oceno ele fica doente e, manda a lenda, que os doentes tem que ser atirado ao mar.Os marinheiros devem perguntar para o doente: "você quer voltar ou ficar?". Ele deve responder "quero ficar" e ai os amigos o matam o jogam no mar.O ritual é cumprido, mas o Mestre pergunta para os marinheiros se a grande Regra não deve ser alterada, pois não se pode matar aqueles que amamos. Assim, são chamados os deuses do Oceano: Yemanja (uma negra semi-nua, toda paramentada). O jovem é rescucitado e a peça termina em paz.
Muita cantoria, muita plasticidade, muito bom gosto com um figurino simples, feito de materiais recláveis e papel.
A Cacilda!! (Estrela Brasyleira a Vagar), de cinco horas de duração, me cansou não pelo tempo, mas pelo detalhamento excessivo e pela repetição. O mecanismo do espetáculo, que se repetiu em todos os demais, é o seguinte: os atores contam um trecho do roteiro (que pode ser de uma hora, por exemplo) e depois fazem uma dinâmica carnavalesca onde chamam o publico... e a moçada embarca legal! Neste contexto a história da vida de Cacilda, para mim, ficou muito confusa.
A peça Bancantes, que era a marca registrada do Oficina, deixou a desejar. A história de Dionísios que se mistura com uma disputa de poder entre o Espiritual e o Temporal, em um contexto RioCarnavalescoTuristico era tão contraditório, que nem os nús seguraram o pessoal depois do intervalo, que ocorreu por volta das onze horas.
Não fui ver o Banquete, mas acredito que seguiu a mesma repetição mecânica de contar e puxar a participação...
Esta participação não acrescenta nada ao espetáculo, é apenas uma forma de fazer o publico se mexer para não dormir ou evitar que o pessoal boceje muito alto.
Os atores e o Zé Celso se divertem muito, mas que cansa, cansa!