Diretor: Edélcio Vigna.
Elenco: Ana Carolina, Fernando Pessoa, Fernando Sousa e Mary Abrão.

Grupo de Teatro Scrachados

O Grupo Teatro Scrachados (GPS) trabalha o método de atuar focado na pessoa. Herda o despojamento de Grotowski, o distanciamento crítico de Brecht, a violência simbólica de Artaud e não descarta o naturalismo de Stanislavski. Teatro liquidificador. Bem vindo ao nosso mundo.















domingo, 23 de maio de 2010

Ser ou não Ator?


Antunes Filho, diretor do Centro de Pesquisa Teatral, trabalha com pesquisas, laboratórios, exercícios e direção artística de peças e espetáculos.

Há um caminho a seguir?
Quem faz o caminho é a própria pessoa. Não tem certo ou errado. O que eu costumo dizer para as pessoas que chegam no CPT é que antes de pensar o artista temos que formar o homem, o cidadão, depois vem o artista. E depois, não há ''o'' caminho, há o caminhar. Um ator não tem que estar nem na partida nem na chegada, tem que estar no meio, entre as coisas.

Qual o princípio básico de um ator? O que ele deve desejar em primeiro lugar?
Não sei. Acho que o que é importante dizer é que as pessoas vêm já querendo pegar o texto e sair falando... Mas falando o quê? Para quem? Por quê? De onde? Para quê? Eu posso ter vontade de tocar piano, mas não tenho técnica, não sei tocar. A ''intenção'' não basta. É preciso técnica, sem técnica o ator não sai do lugar. Técnica e cultura. Muita cultura: conhecer música, artes plásticas, literatura, cinema (bom cinema!). Teatro é relação entre as coisas.

Como prepara atores?
Eu não preparo nada. Quem prepara é o processo. O que isso quer dizer? Quer dizer que, no dia-a-dia, resquícios dos ensaios vão ficando, cada dia de ensaio é uma camada, um esboço para o quadro que se pretende pintar. Então, nesse sentido, as pessoas ''se'' preparam, indicamos, apontamos caminhos e abrimos a porta, e a pessoa segue.

Consegue distinguir quem tem alma?
Eu já acertei algumas vezes e errei outras. Às vezes, eu reprovo alguém nos testes para o CPTzinho e a pessoa fica brava, triste, chateada. Mas não é nada pessoal. Se ela for de teatro, nós vamos nos encontrar lá na frente, como já aconteceu muitas vezes para quem eu já havia dito que não dava e deu. E outras vezes, eu já falei sim para pessoas que depois entenderam que não eram de teatro. Então, é muito relativo.

Onde busca referências?
As referências são as coisas mais importantes para qualquer coisa no teatro. Eu sempre peço para os meus atores assistirem a filmes que tenham relação com o que estamos trabalhando, irem às exposições, a lerem obras correlatas com aquilo que se está fazendo. Como é que eu vou fazer alguma coisa sem uma base de onde partir? Não dá! É tudo sempre um diálogo com alguma outra coisa. Mesmo que eu quebre a minha referência inicial. Sem base, não se sai do lugar.
Algumas pessoas desistem da arte da dramaturgia porque não conseguem ganhar dinheiro em um curto prazo.

Como solucionar a questão financeira?
Quando a gente quer, a gente se vira. Trabalha à noite, não dorme, não come. O artista é um inquieto por natureza. O sacrifício no início da carreira faz parte do aprendizado, com a sorte nos ajudando. Ou será que é a gente que faz a sorte?

Por Elisa Duarte

http://contigo.abril.com.br/reportagem/antunes-filho-formacao-ator-348800.shtml



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